Trabalho da TVE 2 - televisão de Espanha...
Belo documentário, sobre Portugal. Visitem:
http://www.rtve.es/alacarta/la2/ultimos/index.html#659940
quinta-feira, 29 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
Com a colaboração dos nossos AMIGOS da Escola Secundária Daniel Faria Baltar, do Clube de Contadores de Histórias...
COLARES DE PÉROLAS
Joanina e Lionídia eram duas jovens que se preparavam para o primeiro baile.
Vestiam vestidos de seda branca com muita goma e roda, todos enfeitados de lacinhos azuis e cor-de-rosa.
Não haverá hoje raparigas que consintam em usar vestidos destes, mas isto passou-se há muito tempo.
Diante do toucador, ajeitaram ao espelho os caracóis e canudos de cabelo, que as faziam parecer bonecas de porcelana. Sentiam-se lindas. E, efectivamente, sinceramente, estavam.
Chegou a altura dos últimos adornos. Brincos, anéis, pulseiras e um diadema no toucado. Até o espelho pestanejou com tanto brilho.
"Falta o colar " lembrou a Lionídia, enquanto procurava, na sua caixinha de guarda-jóias, o ornamento essencial à perfeição do quadro.
Já Joanina tinha tirado do respectivo guarda-jóias e posto com todo o cuidado ao espelho o seu colar de pérolas, sorrindo, feliz, porque era a primeira vez que o punha. Sentia--se uma senhora, uma dama, um modelo para um retrato a óleo.
Lionídia tinha um colar igual. Ou quase.
"O teu colar é de pérolas falsas" disse Lionídia, olhando de esguelha para o colar de Joanina.
" Como é que tu sabes? " indignou-se ela. " Este colar está na nossa família há várias gerações e sempre foi tomado como verdadeiro."
"É falso. Digo e torno a dizer, porque as tuas pérolas não têm a perfeição nem a transparência leitosa, nacarada, aveludada das minhas."
Isto dito por Lionídia era uma afronta para Joanina.
" E se for ao contrário? " ripostou ela. " Está-me a parecer que as tuas pérolas é que são uma perfeita imitação das minhas."
Enervaram-se. Zangaram-se. Descompuseram-se.
Brigaram. Não fosse estarem tão alinhadas para a festa e, quase de certeza, ainda acabariam por se agarrar aos caracóis uma da outra e espatifar os vestidos brancos, engomados e rodados, com lacinhos azuis e cor-de-rosa.
Uma réstia de boa educação e de bom senso conteve-as.
Para decidirem de uma vez para sempre qual tinha razão lembrou-se uma delas.
"Só há uma prova a fazer. O vinagre!"
Quem não souber que aprenda que o vinagre desfaz as pérolas naturais, as legítimas, as fabricadas com sossego e demora, dentro da concha paciente das ostras.
Muito exaltadas e avinagradas, foram buscar à cozinha uma tigela de vinagre.
"Queres ver que o teu colar pelintra não se desfaz" disse a Joanina à Lionídia.
"A porcaria do teu colar é que não vai desfazer-se" disse Lionídia à Joanina.
O resto está-se mesmo a ver. Dissolveram-se no banho de vinagre as pérolas de ambos os colares. Só sobraram para amostra fios e fechos, tão valiosos como duas espinhas de peixe.
E as duas jovens, depois de chorarem muitas lágrimas, abraçadas uma à outra, lá tiveram de ir para o baile sem os seus preciosos colares.
Pobres das ostras que tanto trabalharam a acrescentar, a arredondar e a aprimorar as suas maravilhosas pérolas, para que assim se perdesse o labor de tantos anos num bochecho de vinagre. Dá que pensar.
Adaptação
António Torrado
Joanina e Lionídia eram duas jovens que se preparavam para o primeiro baile.
Vestiam vestidos de seda branca com muita goma e roda, todos enfeitados de lacinhos azuis e cor-de-rosa.
Não haverá hoje raparigas que consintam em usar vestidos destes, mas isto passou-se há muito tempo.
Diante do toucador, ajeitaram ao espelho os caracóis e canudos de cabelo, que as faziam parecer bonecas de porcelana. Sentiam-se lindas. E, efectivamente, sinceramente, estavam.
Chegou a altura dos últimos adornos. Brincos, anéis, pulseiras e um diadema no toucado. Até o espelho pestanejou com tanto brilho.
"Falta o colar " lembrou a Lionídia, enquanto procurava, na sua caixinha de guarda-jóias, o ornamento essencial à perfeição do quadro.
Já Joanina tinha tirado do respectivo guarda-jóias e posto com todo o cuidado ao espelho o seu colar de pérolas, sorrindo, feliz, porque era a primeira vez que o punha. Sentia--se uma senhora, uma dama, um modelo para um retrato a óleo.
Lionídia tinha um colar igual. Ou quase.
"O teu colar é de pérolas falsas" disse Lionídia, olhando de esguelha para o colar de Joanina.
" Como é que tu sabes? " indignou-se ela. " Este colar está na nossa família há várias gerações e sempre foi tomado como verdadeiro."
"É falso. Digo e torno a dizer, porque as tuas pérolas não têm a perfeição nem a transparência leitosa, nacarada, aveludada das minhas."
Isto dito por Lionídia era uma afronta para Joanina.
" E se for ao contrário? " ripostou ela. " Está-me a parecer que as tuas pérolas é que são uma perfeita imitação das minhas."
Enervaram-se. Zangaram-se. Descompuseram-se.
Brigaram. Não fosse estarem tão alinhadas para a festa e, quase de certeza, ainda acabariam por se agarrar aos caracóis uma da outra e espatifar os vestidos brancos, engomados e rodados, com lacinhos azuis e cor-de-rosa.
Uma réstia de boa educação e de bom senso conteve-as.
Para decidirem de uma vez para sempre qual tinha razão lembrou-se uma delas.
"Só há uma prova a fazer. O vinagre!"
Quem não souber que aprenda que o vinagre desfaz as pérolas naturais, as legítimas, as fabricadas com sossego e demora, dentro da concha paciente das ostras.
Muito exaltadas e avinagradas, foram buscar à cozinha uma tigela de vinagre.
"Queres ver que o teu colar pelintra não se desfaz" disse a Joanina à Lionídia.
"A porcaria do teu colar é que não vai desfazer-se" disse Lionídia à Joanina.
O resto está-se mesmo a ver. Dissolveram-se no banho de vinagre as pérolas de ambos os colares. Só sobraram para amostra fios e fechos, tão valiosos como duas espinhas de peixe.
E as duas jovens, depois de chorarem muitas lágrimas, abraçadas uma à outra, lá tiveram de ir para o baile sem os seus preciosos colares.
Pobres das ostras que tanto trabalharam a acrescentar, a arredondar e a aprimorar as suas maravilhosas pérolas, para que assim se perdesse o labor de tantos anos num bochecho de vinagre. Dá que pensar.
António Torrado
quarta-feira, 21 de abril de 2010
DVD - A ACTIVIDADE MINEIRA EM PORTUGAL...
Oferta do Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, que em muito veio valorizar a nossa videoteca. Já disponível para a comunidade escolar.
Reconhecido agradecimento.
Reconhecido agradecimento.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Com a colaboração dos nossos AMIGOS da Escola Secundária Daniel Faria Baltar, do Clube de Contadores de Histórias...
A RÃ SOLITÁRIA
Era uma vez uma rã que vivia num charco. Vivia sozinha. O charco também era pequeno.
Sentia a falta de outras rãs, para lhe fazerem companhia e coaxarem ao despique nas noites de Lua cheia. Sentia que, se outras rãs vivessem com ela, podia nadar de bruços com mais folgança, velocidade, estilo… Sentia que os saltos que dava para dentro de água, à falta de espectadores, nem jeito nem graça tinham.
Enfim, a rã deste pequeno charco sentia-se muito só.
Desamparada. Infeliz.
Perguntem, se fazem favor, porque é que a rã se não mudava para charco mais amplo e povoado?
Porque temia que tão perto não houvesse outro. Ora, como devem saber, as rãs detestam perder tempo a saltar em seco. A água faz-lhes falta. Sem ela, perdem o luzidio da pele e a força de vida. Não sabiam?
Um dia, começou a chover que nunca mais parava. Dia e noite. Noite e dia.
Os campos ficaram alagados. Os rios sobraram do leito.
Pequenos charcos, afastados uns dos outros, juntaram-se num enorme lago.
Foi uma inundação terrível. Veio nos jornais e a televisão deu notícia. Casas de que só o telhado se via.
Animais afogados. Gente a ser salva em barcaças por bombeiros. Uma desgraça.
Mas como esta história pertence à rã, esta história tem um fim feliz. A rã, passada a tempestade, encontrou companhia. Dezenas de rãs coaxam agora, em coro, glorificando a chuva, a abundância das águas, o abraço do lago imenso que as juntou.
Aqui entre nós e em segredo vos peço que nunca contem esta história a pessoas que tenham sofrido os efeitos trágicos de uma inundação. Não iam gostar.
António Torrado
Era uma vez uma rã que vivia num charco. Vivia sozinha. O charco também era pequeno.
Sentia a falta de outras rãs, para lhe fazerem companhia e coaxarem ao despique nas noites de Lua cheia. Sentia que, se outras rãs vivessem com ela, podia nadar de bruços com mais folgança, velocidade, estilo… Sentia que os saltos que dava para dentro de água, à falta de espectadores, nem jeito nem graça tinham.
Enfim, a rã deste pequeno charco sentia-se muito só.
Desamparada. Infeliz.
Perguntem, se fazem favor, porque é que a rã se não mudava para charco mais amplo e povoado?
Porque temia que tão perto não houvesse outro. Ora, como devem saber, as rãs detestam perder tempo a saltar em seco. A água faz-lhes falta. Sem ela, perdem o luzidio da pele e a força de vida. Não sabiam?
Um dia, começou a chover que nunca mais parava. Dia e noite. Noite e dia.
Os campos ficaram alagados. Os rios sobraram do leito.
Pequenos charcos, afastados uns dos outros, juntaram-se num enorme lago.
Foi uma inundação terrível. Veio nos jornais e a televisão deu notícia. Casas de que só o telhado se via.
Animais afogados. Gente a ser salva em barcaças por bombeiros. Uma desgraça.
Mas como esta história pertence à rã, esta história tem um fim feliz. A rã, passada a tempestade, encontrou companhia. Dezenas de rãs coaxam agora, em coro, glorificando a chuva, a abundância das águas, o abraço do lago imenso que as juntou.
Aqui entre nós e em segredo vos peço que nunca contem esta história a pessoas que tenham sofrido os efeitos trágicos de uma inundação. Não iam gostar.
António Torrado
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